Diretoras contam dramas familiares em documentários sobre ditaduras na América Latina

Cinco diretoras contam histórias das ditaduras na América Latina onde os personagens principais são parentes próximos, amigos e elas mesmas, todos vítimas dos governos opressores.

Os filmes das cinco diretoras Isa Ferraz, Flávia Castro, Lúcia Murat, Carmen Castillo e Renate Costa resgatam dramas pessoais de uma época de opressão com as violentas ditaduras na América Latina. Cada uma delas teve parentes próximos vitimados pelos governos de diversos países e estava diretamente ligada a esse momento político.
No ano da formação na Comissão da Verdade, a diretora Isa Ferraz estréia seu documentário Marighela. Isa é sobrinha de Carlos Marighela, líder comunista e vitima de prisão e tortura. No filme, ela faz um resgate histórico e afetivo desse personagem. “As pessoas foram dando depoimentos absolutamente extraordinários, íntimos, e contando essa experiência de dar a vida por uma idéia em uma época em que parecia possível mudar o mundo”, conta ela.

Flavia Castro também conta um pouco da sua própria história no filme “Diário de uma Busca”. O documentário mostra o processo da descoberta do que aconteceu de fato com seu pai, o jornalista Celso Afonso Castro, que morreu de forma violenta e misteriosa na casa de um alemão em 1984. “A parte com os policiais e médicos legistas foi muito duro. Era muito difícil, mas eu queria muito fazer isso”, disse Flávia. O filme estreou em Paris onde passou mais de 3 meses em cartaz e continua rodando o Brasil e o mundo em festivais.

Na mesma linha, o longa mais recente da cineasta brasileira Lúcia Murat “Uma Longa Viagem” conta a história da morte do irmão dela, o caçula que foi enviado para Londres para não entrar na luta armada, e nessa “longa viagem” virou hippie. Na produção do filme, ela resgatou cartas do irmão e revisitou lugares do passado. O filme venceu o festival de Gramado 2011.

Enquanto isso, no Chile, a diretora Carmen Castillo voltou do exílio na França para recontar a história de seu companheiro, morto pela polícia secreta um anos após o golpe que levou Pinochet ao poder. Carmem estava na casa onde tudo aconteceu e utilizou essas lembranças para fazer do filme um documentário que mostra as história da juventude daquela época.

A paraguaia Renate Costa conta em “Faca de Madeira” a história do tio Rodolfo Costa, preso e torturado por ser homossexual durante a ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai. “Fiz um filme pessoal que por sua vez também fala de um lado social, político e histórico”, explica Renate.

Fonte: Globo News
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